Faleceu na manhã desta segunda-feira, 03/08 no
hospital municipal de Açailândia, o trabalhador rural João Batista Cordeiro,
conhecido como Ceará que esperava em Açailândia audiência para acertos trabalhistas
com seu ex-patrão. Há mais de cinco meses Ceará estava doente com suspeita de
intoxicação.
João Batista trabalhou durante mais de um ano com o
mesmo fazendeiro em Dom Eliseu no Pará e durante todo o mês de março trabalhou
aplicando veneno na juquira da Fazenda onde trabalhava. Após se sentir muito
mal Batista foi conduzido por seu patrão a farmácias em Açailândia, mas como
por lei não se pode obter medicamentos sem receituários médicos, João Batista
acabou abandonado sem pagamento pelo trabalho prestado e sem nenhum auxilio
medicação.
Em março Ceará solicitou apoio jurídico do Centro de
Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Carmen Bascarán – CDVDH/CB, para
resolver problema trabalhista e denunciar a fazenda onde trabalhava. O mesmo
foi acolhido pela equipe do Centro de Defesa e se encontrava muito doente. O
trabalhador logo foi encaminhamento para o hospital municipal de
Açailândia como primeiro ato do Centro de Defesa.
Nos seus relatos ao Centro de Defesa João Batista
denunciou que aplicava veneno sem nenhum equipamento de proteção. Após oito
dias de trabalho passou a se sentir mal com fortes dores de cabeça e tontura. O
trabalhador apresentava ainda inúmeros caroços pelo corpo. Nas ultimas semanas
a saúde de Ceará havia se agravado e por inúmeras vezes foi levado ao hospital
municipal que logo o liberava sem nenhum diagnóstico preciso sobre seu estado, alegando que o caso
não necessitava de internação. Somente entre sábado (25/08) quinta-feira
(30/08) seu João foi encaminhado para o SESP por quatro vezes, até o serviço de
assistência social do CDVDH/CB encaminhar seu João, mais uma vez, desta vez com
oficio e parecer social detalhando o caso e solicitando intervenção da
Secretaria de Saúde para o que mesmo recebesse o devido atendimento, sob o alerta
de convocar o Ministério Publico caso o mesmo não fosse atendido. E depois de
conversas, encaminhamentos e negociação sob o acompanhamento do serviço social
do SESP, mesmo com resistência do serviço ambulatório de Açailândia seu João
foi, em fim, internado.
O relatório médico ainda não aponta com precisão as
causas da morte do trabalhador. O único apontamento sobre o caso é que João
Batista pode ter falecido em decorrência de tuberculose. Ate o fechamento desta
matéria ainda não tínhamos confirmado a causa da morte. O CDVDH/CB aguarda
comunicado oficial sobre a morte do trabalhador e cobra um diagnóstico preciso
sobre as causas desta.
João Batista Cordeiro é mais uma
vitima da crueldade do capitalismo nestas bandas do Brasil. Como vários outros
estava a merecer da justiça para acerto trabalhista e é mais uma vitima da
inoperância do Estado em cuidar da saúde dos menos favorecidos nesta sociedade.
Comunicação CDVDH/CB
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