Agricultores têm de recuperar as estradas para não perder a produção. No Maranhão, foram plantados esse ano 553 mil hectares do grão.
Produtores de soja estão em plena colheita no Maranhão. A safra é considerada boa na região de Balsas, principal produtora, mas as estradas encontram-se em péssimas condições, dificultando o escoamento do grão.
Os agricultores maranhenses plantaram esse ano 553 mil hectares do grão. Houve um aumento de 10% em relação ao ano passado. O tempo bom, com chuva na medida certa, fez a produtividade crescer e o resultado é uma safra acima de 1,6 milhão de toneladas, segundo dados da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento.
Tudo seria comemoração não fossem as péssimas condições das estradas. Uma das principais vias de acesso é a rodovia estadual MA-140. Por ela circulam caminhões carregados com grãos colhidos na região dos Gerais, em Balsas, município a 800 quilômetros de São Luís.
Os agricultores dos Gerais de Balsas colherão esse ano 400 mil toneladas de soja. Para que a produção não se perca no campo, estão sendo obrigados a recuperar estradas. Esse é um trabalho que envolve até mesmo a construção de pontes.
Os agricultores dos Gerais de Balsas colherão esse ano 400 mil toneladas de soja. Para que a produção não se perca no campo, estão sendo obrigados a recuperar estradas. Esse é um trabalho que envolve até mesmo a construção de pontes.
O agricultor Jorge Martelli é dono de 400 hectares de soja. Ele teve de fazer uma ponte na MA-140 para sair do isolamento. “Não tem como escoar a safra. Só vai poder ficar na lavoura. Então, tem que ajeitar”, justificou.
Tratores agrícolas estão sendo empregados na pavimentação de um trecho da estrada. Cinco vizinhos juntaram-se, cederam máquinas e combustível. O agricultor Leoni Martelli interrompeu a colheita para tocar a obra. “Eu deveria estar produzindo no campo, mas a gente está aqui tendo gasto em estrada. Na lavoura já estaria com o tempo de colocar as máquinas em serviço”, reclamou.
A estrada cheia de lama dá acesso à BR-230, em Riachão, que leva até a ferrovia norte-sul em Porto Franco, onde as cargas dos caminhões é despejada nos vagões com destino ao porto, em São Luís, e depois para o mercado internacional. Mesmo onde há asfalto os prejuízos se acumulam.
“Pega muita pedra, atoleiro e água. Isso danifica os pneus. Quando a gente pega na BR começa a estourar”, explicou o caminhoneiro Luiz Silveira.
Os grãos acabam embarcando em navios no Porto do Itaqui, que fica em São Luís, capital do estado. No lugar devem passar este ano dois milhões de toneladas de grãos. Além de servir como saída para os produtos brasileiros, o porto também é porta de entrada para parte dos fertilizantes que os agricultores maranhenses utilizam nas lavouras.
“O problema do frete acontece nas duas pontas: no período de preparo de área, com a dificuldade para que os fertilizantes cheguem aos pontos onde serão utilizados no sistema de produção; e na hora de comercialização do produto. Então, hoje frete significa para o produtor rural praticamente 10% do valor de seu produto, ou seja, quase US$ 2 para cada saco de 60 quilos. Isso tira competitividade em quase 30% dos nossos produtos. Nós temos o anel da soja, que é composto por várias MAs e duas BRs. O poder público precisa estar aliado ao produtor para que se minimize o problema das estradas. Caso contrário, no período certo de escoamento de produção, vamos perder competitividade do nosso produto no mercado”, alertou Antônio Figueiredo, assessor técnico da Federação de Agricultura e Pecuária do Maranhão.
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura alega que as obras na estrada não foram feitas por causa do período eleitoral. Por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. E anunciou que assim que terminar o período de inverno no Maranhão o governo pretende investir R$ 200 milhões em 300 quilômetros de estrada.
O Denit, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, não enviou explicações sobre a situação da BR-230, que é de responsabilidade federal.
Do Globo Rural
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