O grito da fome como ondas gigantes vai se propagando pela região
“Este ano a Funai ainda não entregou cesta básica. São quase três meses de fome e espera”.
“Este ano a Funai ainda não entregou cesta básica. São quase três meses de fome e espera”.
O clamor chega das diversas aldeias e acampamentos indígenas do Mato Grosso do Sul, e em especial dos Kaiowá Guarani, da região de Dourados.
O grito da fome como ondas gigantes vai se propagando pela região.
Em carta encaminhada ao Ministério Público de Dourados e Funai, o Conselho da Aty Guasu manifesta sua enorme preocupação e alerta: "Nosso povo está passando muita fome, não por culpa nossa, mas porque tiraram nossas terras, acabaram com nossa possibilidade de produzir nosso alimento, e agora estamos nos braços da fome e da dependência. E o mais grave, como não recebemos ainda nenhuma cesta básica este ano, nossas crianças estão perdendo peso, correndo o risco de uma nova mortandade por desnutrição.”
Concluem a carta dizendo: “Se não vier com urgência, nós do Conselho da Aty Guasu vamos fazer um documento e espalhar no mundo inteiro dizendo que querem que a gente morra de fome.”
Às centenas de telefonemas direcionados para a Funai, a resposta que as lideranças das aldeias e acampamentos indígenas recebem é sempre a mesma – os alimentos estão comprados, porém não tem transporte para trazê-los até aqui”.
O que os indígenas não entendem é como tem centenas e centenas de caminhões carregados de soja passando por suas aldeias e não existe transporte para trazer os alimentos da cesta básica.
(Nossos indígenas do Maranhão não estão em situação muito melhor que os de Mato Grosso do Sul. Não bastaram as dezenas de mortes de Crianças indígenas, pela fome, alguns anos atrás, para que o Brasil se “mancasse e encaresse” a assistência aos legítimos donos da “terra brasiliensis”. Pior também que, apesar de tantas novas políticas, como a Bolsa-Família, ou a Lei da Segurança Alimentar, milhões de brasileiros e brasileiros ainda padeçam de fome, ou centenas aqui em Açailândia do Maranhão, lugar tão rico...)
(Egon Heck, jornal Brasil de Fato,17/03/2011)
Eduardo Hirata
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