No MA, a chance de perder a vida é de 123,23 por bilhão de quilômetro rodado, diz pesquisa da USP.
SÃO PAULO - Um levantamento do Núcleo de Estudos de Segurança do Trânsito (Nest) da USP de São Carlos, em São Paulo, mostra que o risco de morrer no trânsito está diretamente relacionado à situação econômica de uma região. No Brasil, a chance de perder a vida é de sete a 13 vezes maior do que em países desenvolvidos, como Japão, Suécia, Alemanha, França, Estados Unidos e Reino Unido. E, nos estados brasileiros mais pobres, o trânsito mata mais do que nos ricos, mostra a reportagem de Sérgio Roxo, publicada na edição do Globo desta segunda-feira.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores levaram em consideração a quantidade de quilômetros rodados em cada estado, com base no consumo de combustível divulgado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), e o número de mortos contabilizado pelo Ministério da Saúde. Piauí e Maranhão estão na frente no ranking.
Dois problemas são citados para explicar o maior risco de mortalidade no trânsito dos estados pobres: o pequeno investimento do poder público em segurança e a intensa circulação de motos nessas áreas.
De acordo com a pesquisado Nest, no Piauí, a chance de morrer no trânsito é de 147,38 por bilhão de quilômetro rodado – ou quatro vezes maior do que em São Paulo, o estado mais seguro, com índice de 37,6 mortes. No Maranhão, a chance de perder a vida é de 123,23 por bilhão de quilômetro rodado, enquanto no Rio, o quinto estado mais seguro, o índice fica em 50,35 mortes.
Para o professor Coca Ferraz, coordenador do Nest e orientador da tese de mestrado que levantou o risco de morte no trânsito, a mesma lógica que explica a diferença no índice de países ricos e em desenvolvimento se aplica aos estados brasileiros: as regiões mais pobres buscam suprir as necessidades mais urgentes da população, como alimentação e moradia; as mais ricas podem se voltar para outras prioridades.
- O estado mais desenvolvido investe mais em segurança no trânsito, melhorando a condição das vias, por exemplo. Já nos estados mais pobres a prioridade é investir em coisas mais prementes para a população – avalia.
O Globo
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